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Bahia busca reduzir negativa familiar para aumentar transplantes

Em 24 horas, 10 pessoas foram beneficiadas com órgãos doados por quatro famílias. As córneas, fígados e rins foram captados em quatro pacientes que foram a óbito na última segunda-feira (19), vítimas de traumatismo craniano, decorrente de quedas, e um abscesso cerebral. Os doadores eram três adultos do sexo masculino e uma menina, de dois anos, que teve suas córneas doadas pelos familiares.

De acordo com o secretário da Saúde do Estado da Bahia, Fábio Vilas-Boas, “esse número de captações realizadas em curto espaço de tempo demonstra que o Estado possui estruturas hospitalares adequadas e profissionais especializados para a realização de transplantes”.

E ele ainda reforça dizendo que na sexta-feira (16), cinco pessoas também foram submetidas a transplantes na Bahia, depois que a família de Kaíque Moreira Abreu, 22 anos, doou seus rins, fígado e córneas. O jovem, vítima de agressão no dia 9 de fevereiro, teve a morte encefálica confirmada no dia 14, quando os familiares decidiram fazer valer a vontade do estudante que, no ano passado, havia expressado a vontade de ter seus órgãos doados quando morresse.

Essa atitude, de acordo com a coordenadora da Central de Transplantes do Estado, América Carolina Sodré, mostra a importância de uma conversa “aberta e franca com os familiares sobre doação”. Para se ter ideia, no Estado, o número de negativa familiar é superior a 60%. Carolina reconhece que o momento da perda de um parente é delicado, “mas esse ato nobre pode salvar muitas vidas, como aconteceu com os órgãos doados pela família de Kaique, que beneficiou cinco pessoas”.

Ela ainda pontuou que sempre que ocorre uma doação, “outras pessoas ficam mais sensibilizadas e propensas a fazer o mesmo, como ocorreu com quatro doações que aconteceram segunda (19) e terça-feira (20). Ou seja, em 24 horas, conseguimos doação de múltiplos órgãos, que vão beneficiar vários pacientes que estavam na fila de espera”.

América Carolina Sodré acrescenta que a estrutura para realizar transplantes no Estado contempla a capital e o interior. Só em Salvador, 13 estabelecimentos estão habilitados para realizar transplantes. Destes, dois hospitais de grande porte são da rede da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab): Hospital Ana Nery (HAN), que está habilitado para fazer transplantes de rim, pulmão e coração, e o Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), que recentemente também foi habilitado para fazer transplantes de rins, fígado e, em breve, córnea. Para se ter ideia, um dos transplantes de rins, realizado no último dia 16, ocorreu em Feira de Santana, na Santa Casa Pedro Alcântara.

O titular da pasta da saúde, Fábio Vilas-Boas ressalta que o desafio de ampliar o número de transplantes em todo o Brasil é o mesmo: reduzir a recusa familiar. “Na Bahia não é diferente, com negativas alcançando 62%, índice que reduz a chance de milhares de pessoas que estão à espera de um órgão”. Hoje, 838 pessoas esperam por um rim, seguido de córnea, que são 766 pacientes.

América Carolina, coordenadora da Central de Transplantes destaca que, além de conviver com a negativa das famílias dos possíveis doadores, os pacientes que estão na fila enfrentam outro problema – a compatibilidade do órgão. Por isso, ela acrescenta que “quanto mais pessoas se colocarem à disposição para doar, mais chances haverá para quem está na fila de espera”, conclui.

Processo de doação

O processo se inicia com a identificação de um potencial doador que se encontra nas unidades hospitalares, geralmente em emergências ou unidades de terapia intensiva. Após criteriosa etapa de exames e avaliações, preconizados pelo Conselho Federal de Medicina através das resoluções Nº 1480/97 e 2.173/17, é efetuado o diagnóstico de morte encefálica. Confirmado o óbito, os familiares são informados e uma equipe especializada e treinada presta apoio emocional à família e oferece a possibilidade de doação de órgãos e tecidos. Com o consentimento familiar, procede-se a retirada dos órgãos e tecidos doados. A retirada de órgãos e tecidos doados é realizada por equipes treinadas e habilitadas pelo Sistema Nacional de Transplantes / Ministério da Saúde.

Fonte: http://www.saude.ba.gov.br/bahia-busca-reduzir-negativa-familiar-para-aumentar-transplantes/ 

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